O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governo brasileiro lamentaram as mortes do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, e do chanceler Hossein Amir Abdollahian neste domingo (19), quando sobrevoavam de helicóptero a região de Varzeqan, no Azerbaijão.
As mortes foram confirmadas mais cedo pela televisão estatal e a agência oficial de notícias iraniana Irna.
“Com pesar soube da confirmação da morte do presidente iraniano Ebrahim Raisi e do seu chanceler, Hossein Amir Abdollahian e de todos os passageiros e tripulação, após a queda de seu helicóptero. Minhas condolências aos familiares de todas as vítimas, ao governo e ao povo iraniano”, escreveu o presidente em seu perfil na rede social X.
A fala é semelhante à declaração do Ministério
das Relações Exteriores, que afirmou que o governo brasileiro recebeu a notícia
“com profunda consternação”, também expressando “sinceros sentimentos de
solidariedade e pesar pelas irreparáveis perdas”.
Lula tentou estabelecer uma relação mais próxima
com Raisi – conhecido como “carniceiro de Teerã – defendendo uma abertura do
Irã ao mundo contra o isolamento proposto pelo Ocidente. Isso, diz, ampliaria o
radicalismo no país.
O petista chegou a se encontrar com Raisi em agosto do ano passado, celebrando a entrada do Irã no Brics – o grupo de países que Lula defende como uma potência em um “mundo multipolar”, como ele já mencionou em entrevistas e discursos.
O Irã é um dos maiores aliados da Rússia e
possui relação bastante hostil com os Estados Unidos, e o PT já fez questão de saudar
Raisi publicamente enquanto que a comunidade internacional acompanhava as
inúmeras denúncias de favorecimento à eleição do iraniano em 2021.
Nascido na cidade de Mashhad, em dezembro de 1960, Raisi cresceu em uma família ligada à linhagem do profeta Maomé, pai do islamismo. Aos 15 anos, já frequentava o seminário na cidade de Qom e, mais tarde, se descreveu como um aiatolá, um clérigo xiita de alto escalão.
Com 25 anos, se tornou procurador-adjunto de Teerã, período em que atuou como um dos juízes que autorizavam os assassinatos em massa nos tribunais secretos de 1988, também conhecidos como “Comitê da Morte”.
Sua participação nos atos de crueldade o tornaram conhecido como “o carniceiro de Teerã”. Nessa época, milhares de prisioneiros políticos, que já cumpriam penas de prisão, foram novamente julgados pelo regime.
A maioria deles era membro da oposição de esquerda, liderada pelo grupo Mujahedin-e Khalq (MEK) ou Organização Popular Mujahedin do Irã (PMOI).