O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer construir um acordo com o atual presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), para viabilizar o sucessor no ano que vem. A possibilidade de uma aliança entre os dois mandatários ocorre dias depois de Lira ser fortemente vaiado durante um evento em Alagoas, e que teve o “apoio” do petista para tentar conter os protestos.
Guimarães diz que os nomes ainda serão
analisados, mas que não se trata de impor uma escolha governista. Embora a
eleição do sucessor de Lira na Câmara ocorra apenas em fevereiro do ano que
vem, as articulações já estão em andamento.
“O correto é construir um entendimento. Lula tem reiterado para nós que esse é o desejo, e do próprio Lira também. Mas é cedo, essa discussão ainda não está aberta publicamente”, disse em entrevista ao Estadão publicada nesta segunda (13).
Em meio às vaias no evento da semana passada, Lira subiu o tom contra os presentes e afirmou que “mais do que vaias e aplausos, a função do parlamentar é trabalhar pelo seu estado, continuar aprovando matérias no Congresso”. Lula se posicionou ao lado dele para tentar conter o protesto e, depois, deu uma bronca na população – “uma questão de comportamento que me incomoda muito”, afirmou.
As negociações para a sucessão na Cânara seguem abertas nos bastidores, com o deputado Elmar Nascimento (União-BA), líder do partido e próximo de Lira, também despontando como um dos candidatos. No entanto, enfrenta resistências no PT devido à sua oposição a Lula.
Outros nomes na disputa são Marcos Pereira (Republicanos) e Antonio Brito (PSD), este último sendo o favorito do Palácio do Planalto.
Guimarães ressaltou a diferença entre o atual
Congresso, mais conservador, e o governo federal, mais progressista, observando
que a direita está mais organizada. Ele diz que planeja propor mudanças nas
emendas de comissão, sugerindo que sejam vinculadas às ações do Executivo, em
um projeto que pretende apresentar ao próximo presidente da casa em 2025, o que
demandaria alterações na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
A legislação tornaria as emendas mais em sintonia com o governo, ao contrário do que ocorreu na gestão de Jair Bolsonaro (PL), na visão dele. “O governo anterior deformou a relação com o Congresso. O Bolsonaro não governava o país”, disse.
A declaração ocorre em meio a uma disputa entre governo e Legislativo pelo controle do Orçamento. Nos últimos anos, o Congresso tem ampliado seu poder sobre a destinação de verbas públicas, diminuindo a dependência em relação ao Palácio do Planalto.